como é fácil ser feliz...
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Capa, diagramação e ilustrações:
Roberto Marques Soares
Revisão:
Sérgio de Senna
Maria Hedonéia S. Bonafé
Soares, Roberto M., 1952
Tudo o que você precisa que ele saiba, para se tornar o homem de seus sonhos – Como é fácil ser feliz / Roberto Marques Soares – Salvador, 2008
. –(Tudo o que você precisa que ele saiba, para se tornar o homem de seus sonhos; v.1)
1. Auto-conhecimento. 2. Sensualidade. 3. Educação Sexual. I. Título.
... Quando Elisa ia se inscrever para o concurso, as brigas começaram; ele não aceitava que ela quisesse disputar um emprego que a levasse à possibilidade de mudar-se de estado ou até de país, ainda mais com possibilidade de salário bem superior ao dele. Insistia com ela que ele próprio iria retomar os estudos para conseguir emprego melhor; que ela deveria procurar emprego num escritório de advocacia local, esquecer o Itamaraty. Foi um inferno, e ele acabou vencendo, tal a carga de chantagem emocional que engendrou; insinuou insistentemente que ela não o amava, e que por esta razão queria um emprego fora.
Depois de algum tempo, ela realmente conseguiu trabalho num escritório de advocacia, igualmente mal remunerado; ele não voltou a estudar e até hoje vivem com dificuldades. Tempos depois, segundo seus amigos, era patente o aspecto de frustração na expressão de Elisa, e a infelicidade do casal.
... Camila entrou em pânico, aceitar o convite para filmar significaria muito para sua carreira, o filme já tinha distribuição garantida em muitos países, era uma produção caríssima, que seria muito divulgada e respeitada. O papel daria ainda mais versatilidade a seu perfil de atriz, ampliando seus horizontes. E ela não poderia deixar de pensar também no cachê, bastante alto.
Mas aceitá-lo seria uma possibilidade de problemas para sua relação com o marido. Ele poderia sofrer de ciúmes, ou julgar-se humilhado pela exposição pública das cenas. Poucos homens poderiam alcançar tamanho desprendimento. Camila sabia que Felipe tinha dificuldades para assistir até às cenas românticas dela nas novelas da TV, mas reconhecia que ele a incentivava apesar disto, e sempre fora grata.
Decidiu acalmar-se e reunir-se com ele para expor a situação. Felipe respirou fundo ao final da exposição. Silenciosamente contou até mil. Quando tinha certeza de estar com o controle de toda a sua estrutura emocional, falou sobre sua confiança nela, sobre o respeito que nutria por sua carreira e na importância que reconhecia na possibilidade daquele filme para esta carreira. Disse ainda que as cenas de nudez e sexo certamente seriam tão difíceis para ele assistir, quanto para ela fazer; que por esta razão, ela deveria pensar apenas nela mesma para tomar sua decisão, e que, no caso de aceitar, ele se sentiria orgulhoso.
... É, meu amigo, sexo faz parte de sua relação com ela, e vocês não podem se esquecer disto. Mas, será que você está sabendo fazer uso desta prerrogativa? Ninguém quer ser usado; ninguém aceita ser apenas um instrumento de prazer para outra pessoa satisfazer-se; ninguém se presta a ser um objeto disponível, para ser simplesmente usado a hora que desejar, depois descartado. Ela não é sua propriedade, você não pode julgar-se no direito de usá-la sexualmente quando quiser, nem deixar de estar atento às necessidades dela.
... Dedique-se a dar-lhe prazer, estude seus pontos erógenos e explore-os, não se apresse, aqueça-a muito antes de penetrá-la. Quando, por exemplo, a penetração for se dar na posição do franguinho assado, no momento em que ela espera por ela, apenas passe o prepúcio de cima para baixo e de baixo para cima sobre toda a região, incluindo desde o ânus até o clitóris, massageando este último com ele. Depois, ela vai estar implorando para ser penetrada, mas ao invés disso aplique-lhe gostosa surra, com todo o pênis bem duro, sobre a mesma área. Sua parceira vai chorar, implorar a penetração, aí ela estará pronta para o ato, e você para garantir sua posição de macho absoluto da fêmea que ama.
... Marina, uma jovem belíssima, tinha uma fantasia que a atormentava, mas não tinha coragem de confessá-la ao marido. Excitava-se muito com a ideia de poder estar sendo observada enquanto transava; tanto, que costumava perder muito de sua excitação quando o marido certificava-se de fechar as cortinas antes de irem para a cama. A coisa tornou-se mesmo problemática quando ele, supondo que a mulher tivesse algum tipo de frigidez com ele, passou a procurar prazer em outras, criando um clima que por pouco não terminou em divórcio.
... A esposa dele não trabalhava fora, cuidava da casa e dos filhos obedientemente. Um dia, o marido aventureiro saía de uma suíte de motel, no próprio bairro onde morava, quando, ao parar atrás de um carro com outro casal que aguardava a liberação junto à recepção, distinguiu perfeitamente a esposa no assento do carona, ajeitando os cabelos no espelho do quebra-sol. Alucinado, saiu do carro, foi até lá e se pôs a chutar e socar a porta e o pára-brisa do carro aos berros. A garota que estava com ele, sem entender nada, acudiu também, tentando contê-lo. Foi um fuzuê. Até a polícia foi chamada; escândalo no bairro suburbano.
... A tragédia amorosa de Marcelo poderia ter sido evitada, com informação e diálogo, além de um firme propósito de apoio e compreensão por parte do homem e de abertura sincera por parte da mulher. Não acredito que muitos homens se negariam a compreender e apoiar sua mulher, caso ela o chamasse para um diálogo e discussão sobre seu problema com a TPM. Como elas têm quase sempre algum resquício de vergonha de abordar estes temas, tome a iniciativa você mesmo, mas tome o cuidado de fazê-lo mais ou menos uns cinco dias depois da menstruação, para não levar um cruzado de direita no queixo.
... Horácio não pensava assim; impunha decisões à mulher, Cláudia, sobre qualquer tema, desde o destino de um final de semana até a cor da próxima pintura da sala de estar. Também se exasperava com ela a qualquer momento em que a considerava errada; julgava e a condenava a aturar sua zanga.
Ai dela se ousasse discordar de qualquer coisa que ele determinasse; não há comprovação, mas acredita-se que até ameaçava espancá-la. Era desagradável para os amigos estar na companhia do casal, os destemperos dele eram constantes e agressivos demais. Acabavam todos apiedados dela, ninguém ousava aconselhá-la por temor às reações dele, caso ela se rebelasse.
... Maria Luísa gostava muito de seu marido, Péricles, mas não com o mesmo entusiasmo de quando haviam se conhecido e namorado, anos antes. Surpreendia-se constantemente com suas atitudes e invariavelmente pagava o pato, sendo obrigada a suportar seu imenso mau humor. Uma vez, teve a ideia de preparar-lhe um belo jantar exótico e romântico para tentar criar um clima melhor entre os dois. Pesquisou na internet até escolher o cardápio e onde encontrar os ingredientes, preparou cada detalhe com esmero, teve todos os cuidados para não errar na execução das receitas.
Na noite da sexta-feira que escolheu para a surpresa, arrumou a mesa com o que dispunha de melhor, acendeu velas em castiçais, escolheu a música, vestiu-se como se fosse a uma festa, aromatizou o ambiente.
Péricles chegou mais tarde do que o normal, mas as velas ainda iam pela metade. Para começar, não percebeu, ou não elogiou, e nem sequer mencionou a produção pessoal de Maria Luísa.
Quando deparou com a mesa posta, a primeira coisa que fez foi reclamar do aroma no ambiente. Depois, sorriu e comentou alguma coisa sobre a arrumação, que poderia até ser tomada como um elogio, vinda dele.
Na hora do prato principal, um faisão com castanhas, o tempo fechou. Péricles começou por reclamar do dinheiro que ela teria despendido com toda aquela “besteira”, em que se incluía o fino vinho escolhido, e completou afirmando que teria preferido uma peixada.
Depois de regalar-se até a sobremesa, tomou Maria Luísa pelo pulso e puxou-a para o quarto, onde a mandou despir-se dizendo: “P’ra fazer um jantarzinho como aquele é porque a minha mulherzinha ‘tá querendo uma boa pirocada, tira logo esta roupa aí, que já vou te dar!”
... Sílvia explicou que, logo que percebera o assédio, tentara fazer com que o colega desistisse de ir adiante, apenas adotando uma postura mais austera em relação a ele. Contou que isso não surtira efeito, que ele prosseguira e passara inclusive a ser mais direto, escrevendo-lhe uma primeira mensagem. Nesse momento, ela decidira abordá-lo e dizer abertamente que o apreciava como colega, que o achava mesmo um homem interessante, mas que era muito feliz com o marido e que não tinha o menor interesse em viver aventuras.
Renato perguntou então se ele acatara sua colocação. Ele procurava manter, o tempo todo, uma atitude imparcial e serena, embora estivesse em chamas por dentro. Sílvia respondeu que não. Contou que o intruso passou a insistir ainda mais, que se confessou apaixonado. Renato perguntou se ela gostaria que ele a defendesse, se desejava que ele procurasse o colega para falar-lhe diretamente. Sílvia declinou e emudeceu por alguns instantes. Conhecendo a mulher, percebeu que havia algo que ela queria dizer, mas não encontrava coragem. Ele respirou fundo, pediu a seu anjo da guarda que o ajudasse a permanecer sob controle, depois perguntou se ela estava se sentindo envolvida pelo colega.
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